Doçuras do tempo

Migalhas


Escravos da Palavra

Dia dos Amigos

Beleza Solitária

Beleza do tempo...

Cadê Eu?

Esculturas Celestes

Kardecdificando

Sopro Divino

Consolador prometido

Carnaval sem samba??

Homenagem A banda da Estação de Santa Rosa de Viterbo-SP, que deu vida ao verdadeiro carnaval com samba e marchinha !
PARABÉNS!!!!

Capítulo 6 - A Missão Sírius (continuação)



 No dia seguinte, D.Jaíma seguia com a pequena Maát para sua cidade natal. Três longos dias se passariam até que elas alcançassem o destino.
Enquanto isso, a equipe Dellus, reunia-se no mosteiro pois sabiam da partida de Lúcius e de Maát.
Os Destinos diferentes que traçavam deveria ser revertido,pois somente estando juntos é que poderiam somar forças para um futuro de luz.
Ao chegar na cidade esperada,D.Jaíma e a pequena netinha encontraram a casinha suja,com cheiro forte pelo tempo em que ficou fechada, embora a decoração estava muito bonita.
Reviu velhas amigas, limpou toda a casinha e tratou de arrumar o quarto da netinha.
Maát era um menina tranqüila, exalava beleza e boas energias. Foi crescendo brincando com as crianças da cidadezinha. Aos 5 anos de idade, já era capaz de utilizar palavras de sabedoria em conversas com sua avó.
Aconselhava com responsabilidade, abraçava com imenso sentimento de carinho, olhava com meiguice, ouvia com atenção, e sempre praticava atos de boa conduta.
As outras crianças já não mais acompanhavam a inteligência e os princípios da pequena Maát, que foi então ficando mais em casa. Sua avó, por muitas vezes  encontrava-se conversando assuntos de filosofia ou extremamente sérios para uma menina daquela idade. Se surpreendia com as palavras e atitudes da netinha. Observava que ela sempre estava mexendo com plantas, arrumava o tear quando quebrava, sempre estava interagindo com alguma coisa.
D.Jaíma sabia que a habilidade com as plantas herdara de seu pai, mas as outras, era algo Divino!
Como de costume, D.Jaíma levantava bem cedo,colocava água nos jarros para apreciar o banho dos pássaros, e todo início de mês, ao abrir a porta, encontrava alimentos embrulhados em leve tecido.Sabia que Lúcius havia passado naquela noite...
Certo dia enquanto D.Jaíma preparava uma refeição, começou a ouvir palavras belíssimas.Alguém falava sobre Jesus, amor ao próximo, natureza, Deus...
As palavras eram tão profundas, tão belíssimas, que D.Jaíma resolveu sair  e apreciar ainda mais, tamanha lição de sabedoria.Mas para sua surpresa, numa pedra gigante bem pertinho de sua casa, a pequena Maát, que agora já tinha 9 anos, palestrava para um amontoado de pessoas, que ia aumentando cada vez mais.
Ela não acreditava no que seus olhos mostravam-lhe. Da onde ela tirava tanta sabedoria?Com conseguia falar com tanta segurança?
E em meio as pessoas que se juntavam, D.Jaíma apreciava surpreendida as lições de vida que sua netinha narrava no alto de uma pedra.
-Enquanto não amarmos uns aos outros,seremos sofredores das pragas humanas! Doenças,mazelas,percas marcantes!Quando iremos despertar para a verdadeira vida?Já é chegado o tempo de exercitar nossa’alma para os valores de paz,amor e tolerância!- dizia Maát com bastante presença.
D.Jaíma percebia que as pessoas estavam com a atenção preza na figura de Maát,ela transmitia palavras com tanto sentimento, que parecia mesmo hipnotizar as pessoas.
Ao perceber a presença de sua avó materna, Maát logo tratou de descer da pedra,e correu para os braços dela.
-Vovó,vovó, que saudades!!
-Ora querida, não faz nem algumas horas que a gente se viu!
-Ah,mas eu já estava ansiosa para revê-la.- falava Maát com muita alegria.
D.Jaíma pegou na mão da netinha e seguiram para casa.
Lúcius até então, nunca havia olhado sua filha de perto,sempre passava nas madrugadas para deixar alimentos. Jamais tocou nela, ou sequer deu-lhe algum abraço. D.Jaíma, não sabia o que se passava no coração de Lúcius, nem imaginava porque Maát nunca lhe perguntara sobre seu pai.
No seu aniversário de 10 anos, D.Jaíma achou que era hora de falar sobre Lúcius.E assim iniciou uma conversa mais séria com sua neta.
- Então minha querida, feliz por mais um aniversário?
-Muito vovó.Adoro fazer aniversário!
-Preciso falar uma coisa séria com você,meu amor.É sobre seu pai,Lúcius.Você deve pensar como ele é, onde ele está, entre outras coisas, mas eu quero te dizer ...
-Ah, vovó, não precisa me dizer nada!!Já sei de tudo!! Papai virá um dia, eu tenho certeza, ele me ama, porque eu sinto.E neste dia,ele já terá compreendido a sabedoria de Deus!
-Quem te falou isso?
-Ora vovó, ninguém, eu sinto isso, aqui dentro.- disse a pequena Maát, mostrando o coração.
-Então,confie no seu coração sempre,e assim será feliz.-disse D.Jaíma,abraçando-a fortemente.
Maát sabia muito mais do que dizia para sua avó, sua sensibilidade era incrível. Desde pequena, conversava com sua mãezinha, que já se encontrava nas esferas espirituais, e já sabia que glorioso futuro a esperava, em meio a caminhos difíceis e dolorosos.
Naquele entardecer belíssimo que a natureza oferecia, era chegado o momento de completar mais um ano da partida de Miriam. A pequenina junto de sua avó, ajoelharam-se defronte a janela,como faziam há 10 anos. Fizeram orações com tanto sentimento, que pareciam não estar mais na casa, mas sim , no céu!
Miriam sentia a pureza das vibrações emitidas por elas, e estando ali ao lado das duas, agradecia a Deus por tantos benefícios recebidos.
Mas Maát,naquele dia, orou também pelo seu pai, com tanta intensidade, que Lúcius sentiu a prece,mesmo estando longe de sua filha. A última lembrança da imagem dela, veio a sua mente com força e presença.Algo muito forte fez com que seu coração batesse descompassadamente.
A Missão Sírius finalmente havia conseguido alcançar seu primeiro objetivo: unir Lúcius e Maát em pensamento.
Uma estranha ligação entre pai e filha havia sido despertada...


...continua

Viajem Literária

Rosa Negra


Capítulo 6 - A MISSÃO SÍRIUS







O vento primaveril tocava a face de D.Jaíma,naquela tarde do dia 03 de abril de 1754. No lado oeste ao sopé da Montanha da Vida, ela orava, com alguns amigos e familiares, pela partida de sua querida filha Miriam.

Ao sair do túmulo de Miriam, D.Jaíma seguiu para o mosteiro, na esperança de minimizar a ferida que a vida havia lhe oferecido.

Ao passar pela gigantesca porta frontal do mosteiro, com a pequenina em seus braços, o monge Rodrigues pressentindo a presença de energias benevolentes adentrando o mosteiro, desceu rapidamente do andar superior para receber a pessoa que exalava tal energia.Ao chegar no térreo, avistou uma senhora discreta, com expressão cansada.

-Boa tarde senhora, seja bem vinda! Posso ajudá-la?

-Boa tarde senhor. –disse D.Jaíma, já prosseguindo -Hoje meu coração está despedaçado! Acabo de enterrar minha filha! Meu marido também se foi, mas sei que meu Eugênio está em algum lugar muito bom lá no céu, pois foi marido e pai magnífico!

-A morte é a vida em transformação. Certamente seu marido está em algum lugar de paz e luz, assim como sua filha.

-Oh, que palavras lindas,isso me conforta um pouco.Eu ainda não sei como agir perante tantas mudanças em minha vida!Mas, graças a Deus, tenho este “pequeno tesouro” para cultivar. – disse D.Jaíma mostrando a pequena em seus braços.

Neste instante, o monge Rodrigues percebeu que a energia que sentia, vinha do bebê que D.Jaíma trazia nos braços.Ele pôde ver que ela tinha grande padrão vibratório, e sabia que ali estava a filha de Lúcius.

-Como se chama este pequeno “tesouro”?-perguntou o monge dirigindo o olhar pra o bebê.

-Ainda não sei.Esta menina mal chegou e a vida dela já é tão difícil.-disse D.Jaíma

-Porque não fica alguns dias no mosteiro, participando das atividades e interagindo com outras pessoas?Ajudaremos com a criação da menina, e tenho certeza de que encontrará conforto e compreensão das dores que sente. – disse o monge Rodrigues carinhosamente.

-Não,senhor.Vim mesmo pedir que abençoe minha netinha, pois hoje mesmo devo partir. Retornarei a minha terra natal, onde eu e meu marido crescemos e tivemos nossa Miriam.Quero que minha neta cresça e seja educada do mesmo modo que sua mãe.-disse D.Jaíma baixando a cabeça.

-Então,pelo menos, deixe-me ajudá-la na escolha do nome desta bela criança! Afinal,ela tem direito a um nome - disse o monge,tocando em gesto de carinho, a face da criança.

-É uma boa idéia.Minha filha nunca disse nada sobre nome de filha ou filho, mas Lúcius sempre brincava com nomes para seu bebê.- disse D.Jaíma com sutil inclinação dos lábios com ares de sorrisos.

-Então, quais nomes que ele mencionava?-Perguntou o monge.

-Falava em Maát para menina, e ...

-É isto! Que belo nome! Bem parecido com “ele” mesmo.-disse o monge em tom festivo.

-Hora, tem razão, é um belo nome, mas você conheceu Lúcius?-Perguntou D.Jaíma,curiosa com o comentário do monge.

-Ah,minha filha,conheço pessoas que nem imagina.Maát representa justiça,ação correta.É bem parecido com Lúcius.Creio que é o nome perfeito!-Disse o monge, muito alegre.

-Então está escolhido, Maát ! Eis seu nome, minha pequena flor - disse D.Jaíma, erguendo a menina para o céu.

- Agora preciso ir.Muito obrigada.-finalizou D.Jaíma

-Se assim deseja, vá em paz, e que Deus lhe acompanhe - disse o monge Rodrigues, que ao tocar na testa de Maát, para fazer o sinal da cruz em representação as bênçãos concedidas, sentiu tão grande poder, que teve visões de Sírius, dos jardins suspensos que ele adorava freqüentar, do sol que os alimentavam,dos pássaros que cantavam longas canções, etc.A energia passada pela pequena Maát, neste toque sutil, fez com que o monge Rodrigues estivesse lá parcialmente. Ao terminar o gesto, ele olhou profundamente para D.Jaíma e disse:

-Sempre estaremos aqui,caso necessite de ajuda.E este convite se estende a todos seus conhecidos e familiares.

-Obrigada.Vou seguindo para não tardar muito.

E assim,D.Jaíma seguiu para a casa de Lúcius, na intenção de iniciar a mudança para sua terra natal.

Ao chegar na casa, viu Lúcius terminando de arrumar pequena trouxa de roupas.

-Onde vai,meu filho?-perguntou D. Jaíma.

-Oh, minha sogra querida,tão dedicada a família, a casa e a vida! Não suporto a idéia de seguir sem minha Miriam. Vou caminhar por aí,sem rumo,sem destino.Pois não posso mais viver neste lugar!-disse Lúcius com as de mágoas profundas.

-Mas minha filha Miriam está em um lugar melhor. Agora, temos que seguir nossa vida, amar e educar Maát, e ir caminhando conforme Deus nos guia. – disse D.Jaíma com ar sereno.

-Maát? Era o meu nome predileto.....mas não posso ficar! Como vou amar alguém que levou de mim a mulher de toda vida? Esta menina não trouxe nada de bom. Deixo-a com a senhora, pois eu não posso amá-lá! Embora seja sangue de meu sangue,roubou de mim, a alma da alegria.-disse Lúcius em tom de desprezo.

- Meu filho, a vida vai te mostrar o quanto está errado.Este menina chegou para lhe trazer algo de que necessita muito.Mas só o passar dos dias é que vai descortinar a importância do amor sublime, do perdão, e da seqüência da vida. Não pode culpar sua filha da morte de Miriam.Ela não tem culpa do destino que se seguiu.-disse D.Jaíma,compassivamente.

-Desculpe senhora por decepcioná-la.Mas não posso olhar esta criança, pois vejo nela a traição Divida, tirando de minha vida uma pessoa,para receber outra.Se algum dia este sentimento enorme de raiva e vazio desaparecer, eu voltarei. Mas não a deixarei desamparada.Sempre irei aparecer para deixar alimento e ervas para vocês duas.Mas não me peça para amar esta menina!-disse Lúcius terminando a trouxa de roupas.

-Lúcius querido, creio que no mosteiro encontrará o que procuras.Amigos sinceros encontrará por lá.Fique algum tempo no mosteiro,tenho certeza que voltará a agir com o bom senso de sempre.-disse D.Jaíma

-Deus me magoou muito.Naquele lugar só tem pessoas que falam em Deus.E eu não quero ouvir nada sobre este assunto.Vou indo, já está tardando e quero pousar no vilarejo de Crespe ainda esta noite.-disse Lúcius abraçando D.Jaíma e olhando o bebê sonolento nos braços dela.

-Oh Lúcius, como está com idéias erradas sobre o mosteiro.Lá não se fala só de Deus, mas de tudo que é bom.-disse D.Jaíma enquanto Lúcius já seguia no pequeno cavalo carregado de tristezas e mágoas.


continua....

Tambores da América

Outono


Natureza Corrompida


Imperativos natalinos


Ensejos


Adjetivando


Capítulo 5 - A Dupla Vista


Os primeiros raios de sol tocavam o solo de Córdoba naquele 04 de Abril de 1754.

Os monges, já despertos, faziam o desjejum matinal, uma vez que na Terra não era possível alimentarem-se tal qual suas origens...

Os monges e as monjas se reuniram por volta das 06:00h da manhã. Escolheram seus nomes para apresentação a população,dividiram tarefas e responsabilidades nos afazeres diários das atividades deste gigantesco centro avançado de tratamento da alma.

As preces matinais seriam junto com o nascer do sol,com objetivo de aproveitar a vitalidade deste momento inspirador. Depois, estava programado o desjejum,ficando o período das 10:00h às 11:30h para dedicação a leitura, diálogo em grupo, caminhada pela natureza local, entre outras.As 12:00h estaria servido o almoço, tendo em seguida, o descanso até às 14:30h. O período vespertino teria atividades programadas conforme as necessidades de cada indivíduo, sendo estas tarefas organizadas pelas monjas mais velhas.

Para o início da noite, todos se reuniriam em uma grande prece, onde em seguida serviriam a sopa para um repouso tranqüilo.

Após as 19:00h, as pessoas teriam seus tempos livres, para escolherem suas atividades ou descontrações necessárias.

Para manter toda esta obra, seria implantado no mosteiro,vários tipos de hortas com frutas e legumes bem variados, além de voluntários para serviços como higiene, culinária, recolhimento de água no poço, etc.

O Mosteiro nunca fecharia as portas do térreo,pois a qualquer momento, estariam prontos para receberem seus irmãos em dificuldades maiores.

O sino que ficava na extremidade do primeiro andar da sala central, soaria pontualmente às 20:30h,indicando horário apropriado para recolhimento aos quartos.Depois de finalizado o dia, a Equipe Dellus faria análise de todas atividades do dia, e acompanhamento individual de cada caso.

Traçada a programação do Mosteiro, os moradores de Sírius se materializaram, adaptando suas vestimentas às da época, e saíram às ruas, para contato direto com a população local.

Longa caminhada começava.

Córdoba estava com as ruas cheias e movimentadas. Os moradores estavam agitados com os monges caminhando por toda parte.Tinham vontade de tocá-los, como se fossem “santos” .Queriam conversar, conhecer,ouvi-los.A curiosidade levou muitos a se oferecem para ajudar nas tarefas de limpeza,na cozinha, nas hortas, entre muitas outras atividades, sendo todos os convites aceitos pelos monges.

Naquela manhã, Lúcius ainda dormia,como num pesadelo sem fim.E na imensidão de seu mundo mental, começou a sonhar com os monges.Viu o monge Azevedo batendo à sua porta.Ao abrir, num gesto de respeito o monge Azevedo cumprimentou-o inclinando a cabeça, e em seguida,abriu os braços na tentativa de um caloroso abraços com seu antigo amigo.

Lúcius, sem saber porque, entregou-se a aconchegante acolhida .Fechou os olhos, abraçou-o tão fortemente que não tinha vontade de despertar desta sensação maravilhosa. Em breves momentos, com num rápido flash, Lúcius teve imagens de um lugar que lhe parecia muito familiar. Via flores cristalinas, o sol brilhava com cores diferentes, seu corpo parecia bem mais leve, então, de repente, afastou-se de Azevedo como num susto,e acordou com alguém batendo a sua porta.

Toc toc toc!!

Lúcius não levantou-se ficou parado na cama, ainda surpreendido pela sensação que seu corpo trazia, depois daquele estranho sonho.

Do lado de fora da casa, o monge Azevedo sorria sozinho,discretamente, demonstrando sua afinidade mental pelo irmão de propósito. Virou-se e seguiu sua caminhada pelas ruas.

Lúcius ,após breve instante, levantou-se, apossou-se de um gole de água e caminhou até a porta, abrindo-a lentamente.Seus olhos alcançaram um monge, que já ia longe caminhando calmamente. Fechou a porta e pôs-se a pensar em Miriam.

Imensa sensação de paz tomou conta de todo ambiente.

O monge Azevedo, responsável pelo primeiro contato com Lúcius, induziu-o a este pequeno sonho, a fim de não repelir seu irmão de propósito,num encontro carnal.Sabia que através do sonho, seria mais fácil tocar na fé de seu amigo,por estar com a mente mais distante da matéria.

Satisfeito por ter reencontrado seu irmão de longas caminhadas,o monge Azevedo emitia pensamentos auspiciosos à Lúcius,tentando orientá-lo para a grande Missão.

Mal sabia ele que em breve, as circunstancias da vida estariam conduzindo Lúcius para um convívio bem diferente dos caminhos que havia prometido.

Depois de vários dias caminhando pelas ruas da cidade, os monges haviam estado em todas as moradas locais. Não havia uma pessoa sequer que não os conheciam, ou que pelo menos, havia ouvido falar deles.Conversavam muito com as pessoas,sempre trazendo palavras de ensinamentos sublimes.

O mosteiro ia ficando movimentado. Na cidade, cada dia mais os habitantes tinham o hábito de orar. Os monges foram aperfeiçoando e ensinando as pessoas a rezarem com verdadeira fé.Tirando de dentro da alma, sentimentos profundos nunca antes exercitados.

Era visível, sobre a atmosfera local, espessa camada de luz ,com cores radiantes, que sinalizavam de longe, nas esferas espirituais, um gigantesco farol, apontando a cidade prometida.

Córdoba,jamais seria a mesma!

Ainda não haviam ocupantes nos quartos do mosteiro, mas tudo já estava preparado. As pessoas freqüentavam o lugar assiduamente,diziam que lá dentro sentiam-se em outro mundo.Os monges sorriam com os comentários.

Certo dia,por uma das portas de entrada,chegava um homem de aparecia carrancuda, nada estava bom para ele, e tudo aquilo mais parecia um monte de pessoas tolas.

Percebendo um fluxo de energia diferente, o monge Azevedo foi de encontro com este senhor.

-Bom dia, seja bem vindo!-disse o monge Azevedo

-Não sei o que tem de bom em um dia,meu senhor – disse o homem, com tristeza - minha esposa fugiu,e me deixou um filho, muito mal educado por sinal.Não o suporto. Dei-lhe uns corretivos , mas de nada adiantou.Como todo mundo falou pra eu vir até aqui, que encontraria alegria e paz de espírito, resolvi ver o que tem de tão milagroso no “mosteiro de Córdoba”.-disse ironicamente aquela criatura ainda extremamente limitada na matéria que o prendia.

Com acolhedor abraço lateral, o monge Azevedo foi conduzindo aquele homem ao primeiro quarto do segundo andar.

Aquele homem carregava imensas dores a serem trabalhadas, e somente o quarto de tom lilás seria capaz de acalmar suas noites de repouso.

- B E N T O T A V A R E S .- dizia o homem rude, ao monge Azevedo na hora de preencher um controle interno do mosteiro.

-Meu nome é Bento Tavares. Trabalhei nas grandes guerras e comandava tropas de ataque. Nunca perdi uma batalha sequer! Agora que já estou velho e cansado, trabalho vendendo frutas,na travessa das flores.- informava o futuro hóspede para início de tratamento de suas aflições interiores.

Depois deste dia, a ocupação dos quartos aconteceu sucessivamente.

Todos seguiam as atividades diárias do mosteiro, rigorosamente.Quem não acompanhava a rotina organizada pelos monges e monjas, era convidado a dar sua vaga para outra pessoa.

Quando já estavam com aproximadamente noventa e oito pessoas, a monja Aimê dividiu os hóspedes em pequenos grupos, para que durante as atividades diárias, a organização e o desempenho do progresso de cada indivíduo fossem acompanhados de forma extremamente peculiar.

Cada monge ficaria responsável por um grupo. Desta forma,seria possível ajudar melhor cada indivíduo.

Certo dia,uma belíssima moça, ainda bem jovem, chegou ao mosteiro.Com olhar escuro, cabisbaixo ,emitia sensação de medo e angústia. Imediatamente Aimê caminhou rumo aquela alma que demonstrava profunda dor.

- Olá, seja bem vinda!-disse Aimê

- Por gentileza, ouvi dizer que neste lugar sempre há espaço para acolher pessoas que sofrem - disse a jovem tristemente.

-Certamente! Aqui é um lugar onde encontrará pessoas que poderão tentar ajudá-la a melhorar seus sentimentos mais profundos. “Nós”,em verdade, já esperávamos por você.-disse a monja Aimê, com largo sorriso no rosto.

Aimê conduziu a linda moça,para um dos quartos.Mas sentia que algo de horrível fazia parte de sua vida.Podia sentir seus pensamentos mais aflorados...

Durante o percurso com Aimê, a nova hóspede desabafava:

-Espero encontrar aqui a paz que sempre procurei.Agora sem meu filho, não sei como vou suportar o passar dos dias. Ele tinha acabado de completar 22 anos!-disse a bela moça já em lágrimas.

A violência de seu marido, tirou-lhe o maior tesouro de sua vida.

Cansada das agressões domésticas, Allende seguiu para o mosteiro, triste e desiludida da vida.Deixando para traz um marido difícil, de espírito endurecido.

-Tenho certeza que aqui você vai encontrar muito mais do que procura.É jovem e bela, a vida ainda guarda-lhe muitas alegrias, você verá! - disse docemente a monja.

Paradas em frente a uma porta colorida,Aimê disse: -Chegamos!

Manuseando a fechadura de forma angular com os dedos, a porta abriu-se.

-Nossa! Que lindo!-Allende admirava-se com o quarto com tons azuis e brancos.

-Este será seu quanto, enquanto precisar. – disse a monja.

Allende estava encantada! Olhava tudo detalhadamente .A visão da janela deixou-a sem palavras.O jardim era incrivelmente verde, e o gorjeio dos pássaros eram músicas aos seus ouvidos. As pedras fixadas no teto, traziam iluminação salutar.Cansada da longa caminhada e ferida na mais profunda dor que uma mãe pode sentir,ela entregou-se a paz que aquele lugar transmitia e dormiu serenamente.

Ao toque do sino das 5:30 da manhã, todos os hóspedes sabiam que em breve começaria a prece matinal.

Allende tratou de arrumar-se logo, pois não queria atrasar no primeiro dia.

Ao chegar no pátio central, o monge Rodrigues apresentou-se a turma. Ela sentiu arrepios com a presença daquele homem.Algo fenomenal trazia-lhe pensamentos auspiciosos.

-Bom dia, irmãos queridos - falava o monge Rodrigues,com muita serenidade – quero que todos formem um grande círculo, e sentem-se.

Em seguida, ele começou a falar da importância da prece, e do poder que ela exerce em nossas vidas diariamente. Falou da perfeição da natureza e da cura através do cultivo dos bons sentimentos.

Todas aquelas palavras penetravam profundamente na alma de Allende, ela começava a despertar para uma vida que nunca havia parado para refletir...

...a vida da alma, da imortalidade, da continuidade das existências, a vida Divina.

Ela sabia que certamente sua vida mudaria dali pra frente,com as “luzes” daquele lugar.

Depois de dois meses no mosteiro, Allende conseguia ter experiências incríveis! No momento da oração matinal, tinha as melhores sensações de sua vida. Sentia-se levitar, via pessoas que já morreram, entre elas seu filho, e já estava conseguindo fazer viagens em lugares inimagináveis para nós da Terra. Em pouco tempo, Allende tornou-se uma das pessoas mais elevada moralmente entre os hóspedes, tornando-se exemplo vivo do poder de uma oração com verdadeiros sentimentos.

Bento Tavares participava todos os dias das atividades do mosteiro, porém, não havia conseguido ainda experiência significante em sua vida. Era demais endurecido, inflexível, e não aceitava com facilidade os vícios que ainda alimentava.

Achava tudo aquilo inútil, não acreditava nas palavras de Allende quando narrava as experiências que tinha durante as orações.Mas,sem saber porque, ele não queria sair do mosteiro, sentia-se bem lá, os monges o tratavam-no tão bem, que este carinho ainda era novo pra ele.

Cada vez mais, chegavam pessoas para fazer algum tipo de “tratamento” no mosteiro de Córdoba.

A fama ia aumentando, e os monges iam se organizando para um bom atendimento a todos necessitados.

Certo dia, Miriam apareceu no mosteiro, com uma forma rarefeita, invisível para os pobres olhares humanos, mas bem clara para os monges. Foi recebida pelo monge Rodrigues, que com muito carinho “abraçou-a” intensamente.Ela sentia conforto e uma estranha sensação tomou conta de seu ser.

-Amigo Rodrigues, que bom poder estar um pouco aqui com vocês! Logo devo voltar, pois ainda não estou preparada para ficar nesta atmosfera. Gostaria de pedir-lhe, que abençoe a filha amada! Minha mãe está cuidando dela por mim!

-Sua filha já é abençoada amiga Miriam, pois é com autorização Divida que ela pôde estar entre nós! Tenha certeza que Deus não só abençoou seu bebê, como também toda sua família. Vá em paz,minha filha,na certeza de que em breve irá rever pessoas que muito lhe estimam – finalizou Rodrigues neste breve encontro com sua querida irmã de fé.

O monge Rodrigues era o grande organizador de tudo que acontecia no mosteiro. Colocava metas e objetivos claros a serem alcançados em cada caso. Cada monge ou monja atendiam casos dos quais já tinham mais facilidade em lidar ,sendo assim, ninguém ficava desamparado.Os monges sempre sorridentes e carinhosos, exerciam com muito amor e fé as tarefas das quais eram incumbidos.

A Equipe Dellus, extremamente organizada, executava com sucesso, os primeiros objetivos traçados pelo grandioso Monge Rodrigues,conhecido em Sírius por Ácmon.

No amanhecer do dia 04 de Abril de 1754, eles já sabiam que era chegado o momento da partida de Lúcius, que em sua revolta, sempre tomava decisões precipitadas.

Iniciava agora, o principal objetivo da Equipe Dellus: A Missão Sírius.


continua ...