Capítulo 2

A Família Ávila


Lúcius Ávila havia se casado com Miriam, o grande amor de sua vida. Era completamente apaixonado, daria a vida por ela. Era um homem de fé, religioso, dedicado a família.

Seus traços firmes, cabelos e olhos claros, davam a ele um ar de paz e harmonia.

Miriam era extremamente dócil e meiga. Seus cabelos longos e louros, encaracolados, mais pareciam fios de ouro tecidos naturalmente. Era a mulher mais linda que já havia visto.Os olhos negros exprimiam amor e doçura, sempre que ela dirigia um olhar para seu marido, ele se sentia hipnotizado.

Em julho de 1753, Miriam trazia a notícia da gravidez. O ambiente da casa era só alegria.

Nesta época, haviam rumores pelas ruas de Córdoba, que no sopé da grande montanha que abrigada a cidadezinha, mais conhecida como a Montanha do Gigante, pelo formato que seus contornos faziam, aconteciam estranhas sensações. Porém, ninguém ainda havia visto algo de diferente. Pessoas que por lá caminhavam, sentiam algo de estranho, mas à percepção dos olhos, nada aparecia...

A mãe de Miriam foi morar com eles, até o momento do nascimento de seu primeiro netinho.

Estavam extremamente felizes.Lúcius começara a fazer a cama do bebê,bem como as mudanças na casa para recebê-lo. Miriam tecia as roupinhas e Dona Jaíma cuidava dos afazeres domésticos.

A gestação transcorria tranquilamente,bem como a rotina da família.

Certo dia, Miriam teve um sonho,onde algo, que parecia um anjo, conversou longamente com ela.Sentiu medo, insegurança,ficou muito agitada, se debatia na cama, murmurava palavras sem sentido. Ao acordar, chorou por longas horas nos braços de seu marido e lhe disse: - Lúcius querido, seja lá o que acontecer na hora do bebê nascer, lembre-se deste meu pedido: Dê ao nosso filho todo amor que puder, eduque carinhosamente, abrace-o todos os dias, fale de mim pra ele, e conte-lhe todas as noites,as mais belas histórias que souber, para que durma bem e em paz.

-Que é isto Miriam, não vai acontecer nada, dou minha vida no lugar da sua! Nós vamos cuidar deste bebê juntos, como sempre sonhamos.

-Meu amor, (dizia Miriam), hoje tive um sonho, e fiz uma escolha... Então, desejo que respeite este pedido que te faço, por toda sua vida.

-Você está nervosa, querida. Volte a dormir , amanhã falaremos sobre este assunto.

O sol nasceu quente e forte, os pássaros vieram banhar-se,como de costume, nos lindos jarros que Dona Jaíma colocava todos os dias a fim de atraí-los. Os Jambos estavam tão perfumados, que as aves foram seduzidas e não resistiram à atração da fruta.

Lúcius já tinha saído rumo ao trabalho, fazia algumas horas, Dona Jaíma estranhara o tardar de Miriam. Nunca demorava para levantar-se.

Por volta das 9:42h Miriam chegava na pequena sala,onde sua mãe arrumava o tear com linhas coloridas.

-Minha filha, como se sente?Lúcius está preocupado com você.Disse que teve uma noite agitada e indisposta.

Miriam com as mãos aflitas e frias, procurou nas de sua mãe o conforto e segurança necessárias, para uma longa conversa.

-Oh minha mãezinha, vou contar um segredo para senhora, e espero que ajude Lúcius ,como se estivesse ajudando a mim.

-Mas o que foi filha?O que te aflige?

-Nesta noite, um lindo anjo apareceu nos meus sonhos, brilhava muito, ofuscava-me a visão.Percebendo que não conseguia abrir os olhos, o anjo diminuiu seu brilho.Tinha um sorriso tão belo, que nunca tinha visto antes.De seus lábios senti um perfume doce, como dos jambos, de seus olhos negros, um brilho estrelar se fazia presente, mas quando tocou meu ombro, senti meu corpo elevar-se.Ficando no céu,junto com ele.

-“Filha amada”, disse o anjo, “aqui venho dar-lhe a dádiva da escolha. Fizeste um lindo caminho em sua vida. Sempre escolheu as trilhas do bem e do amor ao próximo. Em nome de suas boas atitudes, o “Senhor” permitiu que seu destino fosse mudado. Agora poderá escolher se deseja continuar aqui na Terra, ou se prefere que sua criança fique por aqui. Ao invés das duas partirem rumo ao “Senhor”, conforme combinado anteriormente.

Tuas boas ações permitiram que fizesse esta escolha. Então, uma das duas poderá ficar na Terra,por mais uns anos.-finalizou o anjo.

-Oh meu anjo amigo! Recordo-me do que prometi, da programação que fizemos, dos caminhos que seguiria, e do fim que eu e meu bebê aceitamos amavelmente. Mas não posso deixar que esta pequena alma, sequer conheça o amor de seu pai, e o afeto de sua avó.Que seja eu a escolhida para o recolhimento eterno.

-Certamente, minha filha, sua escolha será respeitada. E a seu marido caberá a responsabilidade de seguir o caminho da verdade e da vida. Estarei com ele aqui na Terra, auxiliando no que for preciso, mas se for necessário, enviaremos a Equipe Dellus, aqui de Sírius, para ajudá-lo no processo programado.Tal qual sua filha,que assumiu inúmeros compromissos.

As lágrimas de Miriam queimavam-lhe a face. Sua pele clara estava em chamas, seu coração parecia que havia perdido um pedaço.Ergueu o olhar ao anjo e seguiu:

-A tarefa do “Senhor” jamais deve ser esquecida. Fico mais tranqüila ao saber que estarás com eles aqui na Terra, e finalizo minha caminhada em paz. ”

Mas Miriam ,ao fixar o olhar no anjo, pode ver que a figura ali presente, tratava-se de seu pai. Amável e caridoso, sempre dedicado a família e apoiando sua filha por toda vida, abriu os braços e enlaçou-a fraternalmente, banhando de luz consoladora todo seu ser

-Oh mãezinha querida, papai estava tão calmo e sereno que logo perdi o medo, mas o engraçado que não me lembro das coisas que prometi a ele, não me lembro de nada combinado. Mas fiz esta escolha, como quem soubesse do que se tratava. Não é engraçado?-finalizava Miriam.

-Filha, seu pai sempre foi extremamente devotado a família, ao próximo e sempre se preocupava com as coisas dos céus. Chamavam-no de Anjo dos céus, você se lembra? Creio que você está emocionada com a vinda do bebê, e teve vontade que seu pai conhecesse o netinho. Mas tenho certeza que, de onde ele estiver, estará amando esta criança.

E assim, nos braços de sua mãe, Miriam entregava-se a emoção do momento.

A lua já brilhava quando Lúcius chegava do trabalho.

Cumprimentou sua sogra e seguiu para a tina, que já estava cheia de água morna, preparada pela sua esposa.

Miriam, já tranqüila, recebeu-o com muito carinho. Ajudou-o a banhar-se e seguiram para o jantar em família.

A mesa estava posta de forma belíssima, e um lindo vaso de flores do campo, coloria ainda mais, a decoração da mesa.

Lúcius contava sobre seu dia de trabalho, das pessoas que visitou, e estava muito feliz com o dia que teve. Muita gente o procurava, para decorar as flores nos jardins. Sua habilidade era tanta, que até aquelas que já pareciam mortas, ganham brilho com seu toque.

Sua casa era toda rodeada por canteiros de flores. Não havia pedras, nem tábuas, era somente flores, multicores. A luz do sol parecia mais linda na casa deles, do que em qualquer outro lugar.

Desde criança, Lúcius gostava de terra e flores. Amava a natureza. Parecia que compreendia as necessidades das plantas. Onde tocava, nascia a beleza.

Certa vez, em sua juventude, preparava vasos de flores numa casa muito simples, quando viu Miriam pela primeira vez. Foi deste momento em diante que sabia que sua vida não seria mais a mesma. Impossível seria,ficar sem ela...

Seus cabelos livres ao vento, apresentava uma jovem alegre, e saudável.

Num instante desatenta, uma pequena saliência pelo caminho que passava, fez com que ela perdesse o equilíbrio, machucando seu pé, seguindo rumo ao chão. Lúcius, concentrado nas passadas que ela dava suavemente, percebeu o acidente, e num gesto rápido, socorreu-a em seus braços.

Foi o momento mágico dos dois, ela pôde sentir o apoio dos braços de Lúcius que protegeu-a da queda. Seus músculos rígidos e definidos, mãos grandes e fortes transmitiam segurança para todo seu ser.O rosto leve, pele clara, e olhos acastanhados, davam a Lúcius aspecto de paz e confiança.

Deste momento em diante, eles sabiam que nunca mais se separariam.


continua rs rs rs rs

Missão Sírius e o Mosteiro de de Córdoba

CAPÍTULO 1

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O Mosteiro de Córdoba

Eram 5:25 h da manhã quando o sino tocou. Lúcius acordou, percebeu que seu companheiro de quarto já não estava mais lá.Levantou-se,abriu a janela e ficou encantado com o deslizar de seus olhos sobre a perfeição da natureza.Pássaros banhavam-se nas fontes do Mosteiro de Córdoba, as flores já esperavam o toque do sol em suas pétalas,e o céu parecia o paraíso, contagiando tudo com sua imensidão azul.

Tratou de apressar-se no banho, pois julgou estar atrasado para a oração matinal.

No jardim lateral, onde reinava margaridas e azaléias, as borboletas festejam o gigantesco banquete entre as flores.

Todos já estavam presentes quando Lúcius chegou. Estavam em 42 pessoas no Mosteiro.Era a primeira vez que Lúcius estava participando desta reunião. Não se sentia a vontade e achava estranho orar a esta hora.

O ex-combatente Bento Tavares admirou a chegada do colega de quarto e veio até ele distrair-se um pouco antes do início da oração matinal.

-Então amigo, resolveu conhecer as atividades da manhã?- Perguntou Bento Tavares, com leve ar de alegria.

-Pois é Sr.Tavares,hoje começo um novo tempo em minha vida.Decidi que quero melhorar meus pensamentos,minhas palavras,meu jeito de olhar,de tocar. E creio que aqui,neste Mosteiro, está mesmo uma luz para minha vida, mas ainda não sei onde,nem como, esta luz vai entrar na minha vida.

Bento Tavares era um homem ainda com o coração petrificado. Abandonado pela esposa em tempos passados, e com um lindo filho, acabava afastando de si todas as pessoas que mais amava.

Trajava calça escura,com botinas pesadas.Seu bigode largo,dava-lhe uma aparência de firmeza e intolerância.Uma boina caída ao lado completava sua dura imagem de apresentação.

Dom Dom Dom ... soava o sino,o monge coordenador deste grupo acabava de chegar.Todos se preparavam para o início das atividades.

O monge Rodrigues trazia ar de paz com sua presença. Todos do grupo alegraram-se ao vê-lo. Quando o primeiro raio de sol tocou sua face,deu início da prece matinal.

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O Monge Rodrigues trajava longa túnica branca, com detalhes em dourado. Sua sandália também na cor dourada, completava a vestimenta do dia.

Sensação de paz indescritível era transmitida pela presença deste monge.

Ele Seguiu pelo longo corredouro lateral onde colunas frondosas eram vistas a cada três metros.

Em determinado momento, ele virou à esquerda, passou por uma ponte de madeira, onde era possível apreciar a beleza dos peixes, e finalizava sua caminhada, num gigantesco círculo feito de pedras.

Ele convidou a todos para sentarem ,e formou-se um enorme círculo de pessoas no chão.

-Bom dia amigos, (iniciou o monge). - Como de costume, vamos alongar as pálpebras, fechando os olhos. Pensemos na magia da natureza neste amanhecer, nas pessoas que nos amam, e quem amamos.Sintam o frescor do ar, e o perfume das flores.O som das borboletas batendo as asas, em busca de alimento.

Lúcius pensava, que tipo de oração era aquela, nunca tinha refletido nas diferentes maneiras de orar. Quando menos esperava, entregou-se a meditação do monge. Era irresistível tamanha descrição de Rodrigues das perfeições que rodeava o Mosteiro. Teve a sensação de estar flutuando, e ao abrir os olhos, percebeu que todos seus colegas estavam flutuando junto com ele. Uns mais alto,outros mais baixos. Mas Bento Tavares,ainda estava no chão.Sequer se seu deu conta da magia que acontecia.

Sentiu-se no meio do céu azul, fazendo parte da descrição daquele lugar. Alguns pássaros brincavam com ele. As pequenas nuvens, nunca estiveram tão perto. Ele estava amando aquele momento. Mais acima pôde ver Allende, com asas longas e brancas,ela fazia muita festa com as borboletas,e os pássaros. Lúcius pensava como ela conseguia fazer aquilo! Allende olhou para ele e a profundeza de seus olhos o hipnotizaram ...a imagem de Miriam fez-se em sua frente.

O impacto da visão, fez com que ele perdesse os sentidos e fugisse daquela incrível realidade que estava participando.

- Lúcius,Lúcius, ! Chamava o monge Rodrigues.

Ao abrir os olhos, Lúcius já estava em seu quarto,na companhia de Rodrigues e Bento Tavares.

-O que houve?Não estávamos orando no círculo de pedras?-perguntou Lúcus.

-Sim, estávamos, mas isto já terminou há 2 horas. Você desmaiou, e nós o trouxemos de volta ao seu quarto. Você está bem?Como se sente?- perguntou Rodrigues serenamente.

-Muito bem.Mas poderia jurar que estava acordado.Via Allende voando e eu também voava,aliás todos os amigos voavam.O que foi que aconteceu lá?

Sorrindo lindamente, Rodrigues disse:

-Conversaremos depois sobre isto. Agora descanse um pouco. Após o almoço,me encontre no salão central do andar superior.Fique em paz.- e saiu tranquilamente do quarto.

Bento Tavares estava sério, parecia assustado com a reação do amigo:-Tem certeza que está bem? Talvez fosse melhor que você não participasse mais desse negócio de oração matinal. É uma bobeira. Nunca acontece nada de diferente.Fazem dois meses que vou lá e é sempre assim.

Mas Lúcius conservou-se em silêncio, ele sabia que algo tinha acontecido. Tudo foi muito real, era impossível não ser verdadeiro.Como?De que forma?Lúcius não sabia, mas queria entender tudo aquilo. E Miriam....ah Miriam....ela finalmente tinha aparecido.Que saudades!-pensava Lúcius.

Com os olhos semi-abertos,Lúcius acabou adormecendo em meio as suas lembranças.

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Continua....rs rs rs

Autora: Michelle Pozitano

pozitano@yahoo.com.br

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